
Um filme de liberação de energia. A adrenalina ou como pura inocência da sensação, revelando a existência do ser por meio do próprio ser, ou como explosão do ego, afirmando os diversos “eus” imaginários de um personagem. Uma leva a existência, a outra a morte (seja ela física, moral, profissional…).
Cada personagem com suas próprias prisões egoístas que os impedem de afirmar sua existência por meio do viver, da experiência do ser no mundo. As parcelas de ego que desestabilizam a harmonia do mundo criando o mistério, a incompreensão do animalesco que torna a razão humana irracional.
Razão que para Hawks está presente na existência, no antidrama, na cantoria, na verborragia, na incomunicabilidade, na música aleatória… Se aproxima muito das ideias de Bergson de intuição e “eu do momento”. A verdadeira substância do objeto/ser é manifestada pela intuição, é a primeira reação, que desestabiliza e foge de qualquer barreira moral, científica, cultural, social pré-conceituada ao longo da vida. Intuição de um “eu” que está em constante transformação; a cada momento um mundo diferente, um “eu” diferente, uma intuição diferente. É o canto, o choro, a risada, a aceleração, a dança, o beijo, a paixão; é o jazz de Hawks – corrigindo – é o jazz da vida, tentando eliminar o ego do mundo.
por Gabriel Linhares Falcão