
O sucessor natural de Era Uma Vez em Nova York (2013) e A Cidade Perdida de Z (2016). No final do filme de 2016, Gray já havia deixado uma porta aberta para o lírico proveniente de uma desconstrução calculada e fluida do espaço cênico. O interesse dele por esta desconstrução é notável ao longo de toda sua filmografia, em especial nos filmes citados a cima (os dois utilizam computação gráfica).
O diretor encontra na ficção científica espacial a impossibilidade de espacialização cênica, podendo abusar da inventividade formal, muitas vezes apresentando propostas barrocas para a relação dos espaços com os subjetivos dos personagens (por exemplo: as ondas projetadas na sala vazia) e flexibilizando variações dramatúrgicas ao longo do filme. Além de usar a ausência de gravidade como justificativa para diferentes mobilidades e expressões corporais (em uma cena de perigo para o protagonista, uma das tripulantes adentra uma das áreas da nave quase como um alien, surgindo de cima do portal que divide os setores do espaço interno, se deixando levar pelo movimento contínuo antigravitacional).
As distâncias de uma árvore genealógica são muito abstratas; uma grande teia de elos que nunca se rompem. A menor das unidades (pais-filhos) se revela a mais complexa de todas.
por Gabriel Linhares Falcão