
Pela primeira vez faço uma única lista de fim de ano com longas e curtas, algo que já planejava fazer há algum tempo.
O critério é: apenas filmes lançados mundialmente em 2019 (circuito, festivais, streaming, etc.), porém, com alguns deslizes. Filmes como a A Portuguesa e A Visão de Tondal foram exibidos uma vez em 2018 (Festival Internacional de Cine de Mar del Plata e MUTA Festival Internacional de Apropiación Audiovisual Lima) e em 2019 circularam em diversos festivais (incluindo Berlinale e IFFR). Acho que esses são os únicos casos.
O ranking é o que menos importa.
Comentei os 35 filmes que ocuparam as primeiras posições. Alguns textos que escrevi ao longo do ano sobre esses filmes podem ser encontrados aqui no blog, na aba “2019”, e comentei alguns no Letterboxd.
Esta lista continuará a ser atualizada no Letterboxd (https://letterboxd.com/fuzilfalcao/list/favoritos-de-2019/) à medida que eu for vendo novos filmes de 2019. Não atualizarei este post.
Um ótimo 2020 a todos.
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80- Ham on Rye de Tyler Taormina

79- Adeus às Coisas de Ian Schuler

78- (tourism studies) de Joshua Gen Solondz

77- Ivana cea Groaznica de Ivana Mladenović

76- Krabi, 2562 de Anocha Suwichakornpong e Ben Rivers

75- Anima de Paul Thomas Anderson

74- Bacurau de Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho

73- In Dog Years de Sophy Romvari

72- Black Bus Stop de Claudrena Harold e Kevin Jerome Everson

71- Lore de Sky Hopinka

70- Chasing Dream de Johnnie To

69- Past Perfect de Jorge Jacome

68- Instruções Para Fazer um Filme de Nazli Dinçel

67- Caolas na Hearadh de Joshua Bonnetta

66- log 0 de Isiah Medina

65- Technoboss de João Nicolau

64- O Imortal de João Pedro Faro

63- White Afro de Akosua Adoma Owusu

62- Escuro Horizonte de Pedro Tavares

61- No Coração do Mundo de Gabriel Martins e Maurílio Martins

60- The Souvenir de Joanna Hogg

59- Não Pense que Eu Vou Gritar de Frank Beauvais

58- I Am Easy to Find de Mike Mills

57- Belonging de Burak Çevik

56- 唐朝綺麗男(1985,邱剛健) de Su Hui-yu

55- The Beach Bum de Harmony Korine

54- Systemcrasher de Nora Fingscheidt

53- Hiruk-pikuk si Al-kisah de Yosep Anggi Noen

52- Color-Blind de Ben Russell

51- Surrender de Caroline Kopko

50- De una Isla de José Luis Guerin

49- Anos de Construção de Heinz Emigholz

48- O Lago do Ganso Selvagem de Diao Yi’nan

47- Red Film de Sara Cwynar

46- Sophia, na primeira pessoa de Maria Andresen de Sousa Tavares e Manuel Mozos

45- Adeus à Noite de André Téchiné

44- Swinguerra de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca

43- The New King of Comedy de Herman Yau e Stephen Chow

42- John Wick 3: Parabellum de Chad Stahelski

41- A Noite Amarela de Ramon Porto Mota

40- Tommaso de Abel Ferrara

39- O que arde de Oliver Laxe

38- Lonely Rivers de Mauro Herce

37- O Irlandês de Martin Scorsese

36- It Has to Be Lived Once and Dreamed Twice de Rainer Kohlberger

35- Acid Rain de Tomek Popakul
Bad trip na infinitude da animação.

34- Domino de Brian De Palma
Ninguém sabota o De Palma!

Domino de Brian De Palma
33- The Giverny Document (Single Channel) de Ja’Tovia Gary
De que tempo veio estas entrevistas?

32- 8 Caminhos para o Colégio de Jean-Marc Boulard
O processo de pôr o texto em cena.

31- Nocturne de Viktor van der Valk
O crossover contemporâneo de Alphaville e Le Mépris na era do corte estético.

30- A Visão de Tondal de Stephen Broomer
O inferno da degradação.

29- Rolling Thunder Revue: A Bob Dylan Story by Martin Scorsese de Martin Scorsese
Uma turnê entre verdades e mitos.

28- O Traidor de Marco Bellocchio
O xadrez de um homem só e muitos homens no xadrez.

27- Ceniza Verde de Pablo Mazzolo
Múltiplas figuras dentro de pequenos instantes; muita história para se contentar apenas com a ontologia.

26- Dor e Glória de Pedro Almodóvar
Almodóvar simplificando as coisas.

25- Danças Macabras, Esqueletos e Outras Fantasias de Jean-Louis Schefer, Pierre Léon e Rita Azevedo Gomes
Rita Azevedo Gomes, Pierre Léon, Jean Louis Schefer e ponto.

24- Transcript de Erica Sheu
Um poema diferente.

23- L’île aux oiseaux de Maya Kosa e Sérgio Da Costa
Bresson no Animal Planet.

22- Cadê Você, Bernadette? de Richard Linklater
Onde você está indo Richard Linklater?

21- Parasita de Bong Joon-ho
A primeira metade desse filme é uma das melhores coisas que o Bong Joon-ho já fez.

20- Leyenda Dorada de Chema García Ibarra e Ion De Sosa
A graça e a melancolia de um dia de verão no clube.

19- Nós de Jordan Peele
Um horror bem descompromissado com metáforas.

18- State Funeral de Sergey Loznitsa
Um ritual que ergue-se da desolação. Perambular até surgir uma cerimônia.

17- Martin Eden de Pietro Marcello
Uma experimentação tão própria, aleatória até, que afeta diretamente a narrativa para bem e para mal. Preciso rever, mas ficou a impressão de um filme instigante.

16- Medo Profundo 2 de Johannes Roberts
É lindo quando as inovações tecnológicas encontram diversas experimentações. Mais lindo ainda é ver um cineasta tão livre para imaginar absurdos em busca de catarses.

15- Pelourinho, They Don’t Really Care About Us de Akosua Adoma Owusu
Cinema sem fronteiras de espaço e tempo.

14- Projeto Gemini de Ang Lee
Viaje e filme os espaços da melhor maneira possível! Ainda mais se o orçamento for alto e você tiver vários clones.

13- O Fim da Viagem, O Começo de Tudo de Kiyoshi Kurosawa
Stromboli mecânico.

12- Above the Rain de Ken Jacobs
Parece que o céu foi feito para a experimentação de Jacobs.

11- Uncut Gems de Benny Safdie e Josh Safdie
Já com 35 e 36 anos, os irmãos Safdies continuam como uns dos únicos cineastas com espírito jovem em atividade.

10- O Caso Richard Jewell de Clint Eastwood
Reencenar como um processo ritualístico. Uma explosão em três planos. E Eastwood retornando à busca pelo equilíbrio em personagens opostos.

9- Sibyl de Justine Triet
O cinema no divã.

8- Sinônimos de Nadav Lapid
Acho que o Jean Renoir de 1931-1936 (A Cadela – O Crime de Monsieur Lange) estaria fazendo algo parecido em 2019.

7- Ad Astra de James Gray
O fim do espaço cênico no cinema de Gray ocorreu no espaço.

6- Fourteen de Dan Sallitt
Dentro dessa constante dialética entre controle e descontrole, Brecht e transparência, Fourteen é uma obra rígida e confortável, que remete a Rohmer e Pialat de maneira muito própria.

5- Vidro de M. Night Shyamalan
Shyamalan enfrenta seu pior inimigo: o espectador que recusa a narrativa devido a falta de verossimilhança com o real, ou, o famoso “Que mentira!”.

4- Era Uma Vez em… Hollywood de Quentin Tarantino
Há um desapego em deixar as entidades e ícones se tornarem experiência pelo que elas são. Robbie acordando, andando pela cidade, indo ao cinema. Pitt sem camisa no telhado, dirigindo em alta velocidade, fumando o cigarro batizado. DiCaprio fazendo as performances mais absurdas e explodindo de vez com um lança-chamas na mão. Há um interesse de Tarantino tanto nas entidades e ícones ficcionais como nas reais; tanto no ator como personagem, como no ator como ele mesmo, como no personagem como ator, como no personagem sendo outro personagem.

3- Puchuncaví (fragmento de 2019) de Jeannette Muñoz
Novas perspectivas de um mesmo lugar. Novas formas de representar e experimentar. Uma metamorfose sem fim de fragmentos sempre potentes.

2- Vitalina Varela de Pedro Costa
Evidências sugerem uma encenação, entretanto evidências sugerem o documento, e muitas vezes estas são as mesmas para os dois casos. Vitalina chora constantemente, e em alguns casos, as lágrimas caem nos ápices emocionais dos monólogos. Por mais certeiras que as gotas sejam em relação ao drama da cena, temos a certeza de que é sincero, talvez o mais sincero já projetado em uma tela. São nesses paradoxos que residem o enigma da câmera de Costa. É encenação, é documento, é a interseção: pura expressão.

1- A Portuguesa de Rita Azevedo Gomes
A gênese do cinema de Rita Azevedo Gomes ocorre na perfeição do classicismo. Seu cinema já nasce perfeito, resta à diretora montar e desmontar livremente as estruturas e formas de expressão de suas histórias.

por Gabriel Linhares Falcão